Talvez alguém se lembre do Totó, queimado com gasolina por alguém que ainda tem muito a aprender 🙁 Ele foi adotado há 3-4 anos e devolvido em setembro/outubro. A Sonia Pequeno foi buscá-lo de volta e não tínhamos onde colocá-lo. Ligou aflita pra Yara, pedindo um LT.
Sonia, há tanto tempo na causa…,conta emocionada: “Ser tão especial é minha amiga querida Yara! Acho que quando isso acontece eu percebo que, apesar dos percalços, muitas das minhas grandes felicidades vêm desse movimento, dessa loucura diária que nos traz tanta sensação de impotência, tanta indignação, mas também alegrias imensas como esse depoimento”
Vejam o depoimento da Yara que lindo! O cara vive agora num lar maravilhoso, com direito a passeios matinais e muito amor!
Esse sujeito simpático da foto é um cara feliz e não guarda nenhuma mágoa de seu passado de maus tratos. Muito pelo contrário, tem uma alegria de viver tão grande que mais parece um jovenzinho energizado e não o senhor experiente que de fato ele é.
Sua história é muito parecida com a de milhares de outros bichos abandonados nas ruas da cidade: Família muda e o despeja na rua como uma mobília estragada, vagando desnorteado é vítima de monstros humanos que o queimam com água fervente, ferido é resgatado por uma ONG que o encaminha para uma família aparentemente normal que depois de 4 anos se desfaz dele por um novo modelo mais adequado ao life style do casal. Ele é socorrido novamente pela ONG que o encaminha para um lar temporário na casa desta que vos fala.
Chegou meio ressabiado com a espécie humana. Ficou na dele, nem amistoso, nem belicoso. Deixei-o à vontade, portas abertas, direito de ir e vir, um quintal a explorar uma família disposta incluí-lo. Esperto que é, sim, ele tem QI canino altíssimo, logo sentiu estar em terreno seguro e resolveu baixar a guarda e soltar toda a sua alegria represada. Uauu! Ficamos todos contagiados e o que era para ser lar temporário virou residência fixa por absoluto e recíproco encantamento.
Rebatizamos o sujeito. Totó virou Thor, o guerreiro imbatível! Mas ele tem uma alegria tão exuberante e um sorriso contínuo em sua carinha de olhos brilhantes que passamos a chamá-lo de Feliz. E nem sei bem quem, alguém começou a chamá-lo de Felice, em italiano, e aí que virou Felice porque italiano é mais sonoro e engraçado. E Felice já entendeu que esse é seu nome e quando o escuta se sacoleja todo como um brinquedo elétrico desgovernado.
Felice gosta da vida, gosta de quem gosta dele. Já viveu muito, já sofreu muito, reconhece o amor quando o encontra e retribui com generosidade infinita.
É velho, é sábio. Agradece com o olhar, com o olhar se desculpa quando corre atrás dos gatos da casa (eu sei que ele diz “desculpe-me não pude evitar…”). Felice é digno, quando sabe que errou vai pra fora da casa e só volta quando recebe autorização.
Ele viveu mil vidas, tem energia para outras mil. Mostra pra gente que o que importa é o que acontece no presente, ele reconhece a dádiva de um novo começo e o honra vivendo intensamente o agora.
Ao chegarmos em casa e sermos recebido por esse cara de bem com a vida, a gente dá um sorriso grande e sempre me passa pela cabeça “que sorte ele nos ter adotado!”
(Yara)